terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Entrevista sobre comunicação e coberturas colaborativas no campo da cultura

Concedi uma entrevista ao Renato Alves, de Araraquara, para um produto da faculdade sobre coberturas colaborativas e assuntos que envolvem o tema.

O que é o jornalismo cultural colaborativo? Quando começou?
Cara. Não sei muito bem, precisaria fazer uma pesquisa histórica para definir isso. Mas é algo que remete ao fim dos anos 90, quando jornalistas norte-americanos que estavam sob censura nos jornais que trabalhavam, criaram o Centro de Mídia Independente (CMI) para publicar reportagens e artigos; arranjaram muitos colaboradores e a proposta cresceu espalhando-se mundo afora. Outra referência clássica é o portal Oh My News, coreano, que deu muito certo, mas depois precisou recuar, por questões financeiras e foi outro que serviu de modelo para portais colaborativos no Brasil e no mundo. No Brasil, a gente tem referências boas e que funcionam no Overmundo e com a pessoa de Ana Brambila, pesquisadora do tema. Mas, no nosso meio, da cena independente, festivais e etc, é algo extremamente recente, datado de 2007; e desenvolvido com amplitude e técnicas específicas a partir do fim de 2009, como explica este documento. 2010 eu creio que tenha sido um ano bem relevante para as "coberturas colaborativas", pois tivemos esse tipo de manifestação em diversos eventos culturais do país, como Festival Transborda, Festival Demo Sul, Festival Canja, Macondo Circus e por aí vai...

De que forma é útil para os coletivos culturais e para a cultura independente? (Possibilidades, avanços, etc)
É um tipo de produção que se encaixa perfeitamente na maneira como coletivos e a cena independente acontece: de maneira colaborativa e solidária, agindo em bloco. As coberturas colaborativas - que usam inúmeras ferramentas típicas do jornalismo - garantem a cobertura ampla, plural e rica de um evento específico. E geralmente, alguns dos festivais e bandas não conseguem se fazer presente na "grande" mídia, então esse tipo de cobertura garante uma visibilidade independente de qualquer veículo ou jornalista, no melhor estilo "do it together". Justamente porque quem está envolvido, colaborando, trabalha muito estimulado, por curtir a cena, ter um canal pra escoar a produção, sem mediação de editor, sem processos verticais como acontece nas redações, então o resultado em 90% das vezes é alto nível. Uma OBS. Uma das sacadas legais foi que conseguimos fazer, frequentemente, uma ponte entre a universidade e esta cena independente, dando muitas possibilidades de atuação profissional.

Fale sobre a importância das mídias on-line para o jornalismo colaborativo.
Estou pra dizer que não existiria jornalismo colaborativo sem internet e/ou mídias on-line, justamente porque o "colaborativo" só conseguiu emplacar na rede, com a troca veloz de informação e de identificação de ideias entre as pessoas, redes, entidades... Além do fato de mídias como o twitter e os blogs pulverizarem as informações de maneira a topar nas pessoas com muita força e rapidez, sendo portanto, muito eficientes.

O que ele representa para os novos profissionais que surgem no mercado? É uma tendência notável do jornalismo? Seu sucesso se deve a que fator?
Nossa, não sei bem o que representa. Acho que o sucesso se deve por causa da agilidade e poder de conectar pessoas que pensam de maneira semelhante e ser uma ferramenta totalmente livre. Sobre a tendência, não tenho ideia, mas poderia dar um "all in" se esta questão fosse colocada numa mesa de pocker! rs

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