domingo, 13 de novembro de 2011

Post #04: Sobre gatos e as mãos de deus



Disseram-me que estavam envenenando e desaparecendo com os gatos do meu primo. Ele cuidava de muitos gatos, uns oito, estava na bad. Cachorros também, mas em menor quantidade: dois. Por conta das perdas, estava à espreita, atento, tentando fotografar o assassino, levar a julgamento quem sabe.

Minha mãe também tem gatos: três. É mundialmente conhecida pela adesão aos gatos, as suas grandes e atuais companhias, há tempos. Por conta da fama, ocasionalmente algumas pessoas despejam filhotes de gatos no portão de mamãe. Ela cuida. Ontem, foram dois irmãos felinos, que não se desgrudavam. Podiam estar com medo. Acionou uma senhora-amiga que cuida de uma ong de animais, mas "não vai ser possível, estou mantendo já 300 gatos".

Mamãe então resolveu devolver na mesma moeda: colocou os filhotes na casa do primo, numa caixa. Censurei-a, isso não se faz: Você gostou que deixaram gatos no seu portão?

Mas, ela replicou, deixando-me sem palavras, com um sorriso de reflexão no canto da boca:

- Ele falou pra mim que deus sabe o que faz: tirou os gatos com uma mão e deu com a outra.
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Metalinguagem: Possivelmente os gatos apareçam por aqui novamente. Quem sabe com novos episódios da gang ou coletivo dos gatos negros.

Um comentário:

  1. Gosto do ritmo do texto. E da percepção sutil de que as coisas podem não ser substituíveis, mas são facilmente renováveis. Na prática pode não ter muita diferença. Mas o sentido é completamente diferente.
    Voltarei sempre.
    beijo ;)
    Fernanda.

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